domingo, 13 de fevereiro de 2011

Paradoxos Afetivos

Lucila é casada com Osvaldo há quase 15 anos. Eles tem um filho de 14 e fazem de tudo por ele.
Ela, uma secretária com baixo salário, ele operário, mas levam uma vida até que tranquila.

Lucila faz tudo pela família, e pela imagem da família também. Trabalha duro e vive continuamente angustiada e sobressaltada se tudo for por água abaixo a qualquer momento. Acredita que a falta de "estabilidade" familiar possa causar sérias consequências ao filho adolescente. Osvaldo por outro lado, tem sérios problemas com a bebida, com o cigarro e com os jogos. Já foi pego dormindo na estação do metrô várias vezes, tem muitas dívidas e Lucila sempre socorrendo e fazendo de tudo para que não sejam uma família "falida". Nobre? Eu acho que não.

Temos tantas Lucilas e Lucilos que por pena, pela imagem, pela tradição, etc., já estão falidos e desperdiçando suas preciosas vidas ao viverem encobrindo as falhas de outros. A conseqüência é terrível: Além de cultivar a amargura e a infelicidade própria, ao invés de fazerem o bem (que acreditam que estão fazendo), estão na verdade impedindo cada vez mais o crescimento e o amadurecimento do outro. Privam-se de suas vontades e planos para arcarem com as conseqüências das vontades desmedidas e mimadas do outro.

Nossas vidas são muito preciosas para desperdiçarmos. É preciso cooperação, companheirismo e cumplicidade em nossos afetos, mas não de forma destrutiva. Não adianta cooperar sozinho. Os afetos são construídos a partir da soma. Um vezes Um sempre é igual a Um. E a vida é muito curta para nos esperar. 

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